segunda-feira, outubro 10, 2005

Giselle


Se “Cassy Jones” supostamente inaugurou o gênero da pornochanchada no Brasil, pode-se dizer que foi necessária quase uma década até que o estilo alcançasse seu apogeu e criasse a obra máxima. Tal como os russos precisaram de dez séculos de história para ver surgir um Dostoieviski, um Tolstoi, a grande década que a pornochanchada atravessou nos anos 70 culminou, em 1980, com o lançamento em centenas de cinemas no Brasil e no mundo de “Giselle”.

“Giselle” é um filme impressionante, em todos os sentidos. Merece um livro para estudá-lo, por suas múltiplas e ricas leituras. Cinema trash, panfleto libertário, carnaval do absurdo. Não há rótulo possível para a obra e quem consegue rotulá-la é porque não a compreende em sua totalidade. Vou optar pela via mais difícil de entendimento, que é a análise psicanalítica dos personagens. Colocar “Giselle” no divã talvez seja uma alternativa viável para seu tom de Pirandello.

Uma produção da Vidya (mais uma), direção de Victor di Mello, estrelada por ele, nosso homem nos anos 70, Carlo Mossy. A seleção da trilha sonora inacreditável também é de Mossy, com sucessos dos anos 60 interpretados por uma orquestra que lembra a famigerada “101 Strings”. Co-estrelando Maria Lúcia Dahl, Ricardo Faria, Nildo Parente e Alba Valéria; esta última é a personagem título e leitmotiv da trama.

Giselle é filha de Luchinni (Nildo Parente) e tem Haydeé (Dahl) de madrasta. Quando volta da Europa para o sítio do pai, encontra na madrasta não uma mãe, mas uma amante insaciável. Haydeé é apresentada como uma destas mulheres com TPN (Transtorno de Personalidade Narcísica), que encontra na jovem enteada seu refúgio para uma relação voraz, que amorteça sua frustração por estar envelhecendo. Giselle não se nega a ser o espelho de Haydeé; é uma quase adolescente amoral, que por trás de sua extrema felicidade e ingenuidade esconde um comportamento parasitário e perverso.

Notem que não haveria Giselle sem o pai, Luchinni. É ele que a sustenta, que a mantém em seu mundo hedonista. Haydeé, a esposa, também o parasita, e Luchinni é passivo a tudo porque também esconde um segredo. Enquanto Haydeé e Giselle transam no quarto ao lado, Luchinni trata a todos com bondade, tolerância e aspecto cordato. Antes de Haydeé, no entanto, Giselle também estava envolvida sexualmente com o capataz do sítio, Ângelo (Mossy). Com o planejamento das duas, Ângelo é trazido da “senzala” para dentro da casa grande, e os três formam um daqueles trisais típicos de quem vê a vida com bons olhos.

Ângelo esconde, por trás da sua aparência de capataz fiel, uma personalidade bombástica, pronta a explodir. É bissexual, libertário, ama Giselle e Haydeé como se daquilo dependesse sua vida (e dependia). Quando o filho de Haydeé, Serginho (Ricardo Faria), chega do Rio, o teatro se completa. Ângelo domina a tudo e a todos com sua masculinidade insinuante e decreta aos discípulos embevecidos uma ditadura falocêntrica.

Em suma, Ângelo transa com Serginho, Haydeé e Giselle. Os três o adoram e ele responde esta adoração com proteção. Quando marginais tentam bater em Serginho, uma briga tem início e Ângelo quase morre para defender o amigo. No fim das contas os quatro são estuprados pelos marginais, em uma das cenas mais absurdas e grotescas do cinema mundial.

Por outro lado, Giselle é uma daquelas personalidades que tem o poder de transformar com seus atos a vida das outras pessoas. A madrasta Haydeé é quase sua escrava. Serginho tem uma relação simbiótica com ela, com quem compartilha seus desejos. Ângelo, por sua vez, respeita Giselle como uma igual e os dois transitam por todos os universos, cientes de seu domínio sobre os outros.

O que chama muita atenção no filme, mais do que um enredo tão rocambolesco quanto envolvente, é a pretensão libertária que involuntariamente adquire aos poucos, mesmo que por trás de um alerta conservador nas primeiras cenas (respirem fundo): “Assim como na antiga civilização romana, como em Sodoma e Gomorra, todas as vezes que uma sociedade está em decadência, a principal característica, é a falta de valores morais, a promiscuidade sexual, o desamor, as frustrações, e os desencontros. Os dias que hoje estamos vivendo, não diferem muito daqueles que antecederam a destruição daquelas sociedades”.

Este blábláblá meio “O Homem do Sapato Branco” (lembram disso?) é esquecido ao longo da história, demonstrando a obviedade de que o texto moralista foi plantado ali apenas para agradar aos velhinhos censores. Victor di Mello, Mossy e todos que atuaram, na verdade simpatizavam era com a liberdade sexual e, no seu estilo pitoresco, trabalharam em uma ode a ela.

A trilha-sonora repete insistentemente “San Francisco”, o hino hippie da geração flower-power. É necessário que se escreva um “Afinal, quem faz os filmes” brasileiro, parodiando a obra clássica de Peter Bogdanovich, para que entendamos melhor o que se passava pela cabeça dos intrépidos cineastas e suas inspirações duvidosas. À primeira vista, fica a pergunta: “San Francisco” durante longas cenas foi uma maneira “sutil” de evocar outra época recente, mais libertária? E por que quando Mossy e Giselle estão em plenos trabalhos na cachoeira, escutamos ao fundo o clássico dos Beatles, “Let it be”?

Acentuando o aspecto libertário, temos além das cenas de bacanal, outras em que o consumo de maconha é farto. Giselle, Ângelo e Serginho em certo momento partem para o fight com Zózimo Bulbul, o negro-fetiche das mulheres e dos homens brasileiros dos anos 70. Bulbul se deixa chicotear pelos três, pede mais, Mossy fumando um baseado entra em êxtase e em seu complexo de onipotência dá uma surra em todos. “Bate machão, bate!” – Serginho pede, e a gente se pergunta por que é a Conspiração Filmes, não a Vidya, quem manda no cinema brasileiro hoje em dia.

O filme termina com a separação, a dissolução daquele arranjo sexual fabuloso. Haydeé, a narcísica, abandona o marido e vira traficante de drogas. Serginho dá vazão ao seu homossexualismo e vira uma vedete carnavalesca. Ângelo e Giselle se entregam à realização plena de suas personalidades, mas Ângelo parece ter apanhado uma doença sexual, em cena final duvidosa.

Resta Luchinni, que abandonado por todos e pego em flagrante de pedofilia (sim, até isso conseguiram encaixar, ele lê uma revistinha com o título de “O amiguinho do Rei”), assume sua condição de provedor dos parasitas e sustenta a felicidade (?) de todos. Se me contassem que “Giselle” existe, eu duvidaria. Mas foi filmado no Rio de Janeiro em meados de 1979. E, segundo os responsáveis, vendido para quase trinta países. Há muito mais a ser dito, e tal como uma manchete do Notícias Populares, ninguém perde por esperar.

48 comentários:

Anônimo disse...

Oi Andréa!
Muito maneiro o que vc escreveu aqui.
Pena que ainda não assisti a este filme.
Beijos.

Anônimo disse...

Adorei a resenha, realmente Giselle não tem rótulo, tem mil interpretações, tem tudo em um só filme! É um dos únicos filmes brasileiros mais antigos que
podemos achar facilmente em outros países. Giselle tem o poder neste filme, faz gato e sapato com todos, em especial com Haydeé como citou. Você esqueceu de citar a personagem da Monique Lafond que morreu tragicamente na história, o que não gostei muito rs O final também foi surpreendente pois eu gostaria que eles ficassem juntos, no mais é um destes filmes que não cansamos de rever, outra obra prima de Carlo Mossy!

Anônimo disse...

Nossa Andréa, que texto fabuloso! Eu não vi esse filme, mesmo porque é bem difícil de encontrar. Vi Cassy Jones semanas atrás, na mostra no CCBB em homenagem ao Paulo José, e foi mal compreendido na época. O que Person fez foi apenas ceder à tudo aquilo que viria a partir de então no cinema brasileiro. O que me deixa contente é que as pessoas estão finalmente se despindo de preconceitos e agora descobrem que muitos filmes excelentes foram feitos durante o êxito da pornochanchada no Brasil. Um abraço.

Anônimo disse...

nossa,q inacreditável...nunca ouvi falar nesse filme...entra na coleção fácil...

Anônimo disse...

Olha, eu gostei de "Giselle" qdo assisti, Alba Valéria era tudo de bom, e o filme tem outras qualidades, mais 'jamais' o teria enxergando dessa forma, pelo menos de forma consciente. Novamente: Parabéns por mais este texto!!

Anônimo disse...

Cara Andrea, é verdade, se me falassem que Giselle existia e eu não tivesse visto, eu nunca, eu nunca acreditaria. Mas como você eu já vi e sei que existe, gosto bastante do filme e também não sei porque. O texto está ótimo, parabéns. O Di Mello era um cara muito foda, você já viu OS MARIDOS TRAEM E AS MULHERES SUBTRAEM ? É muito, muito, muito engraçado !!!
Tudo de bom,
Trunk
Esse é o melhor blog do cinema brasileiro, parabéns !!!

Andrea Ormond disse...

Oi Raphael, vale muito a pena vc assistir. "Giselle" é inesquecível :)
Carol, realmente "Giselle" tem mil interpretações. O final é surpreendente e a despedida da Monique é traumatizante. Talvez por isso eu tenha bloqueado a descrição rs Mas vou voltar à Monique qq dia desses, pode deixar :)
Oi Fernando! Obrigada, escrever sobre cinema nacional é muito prazeroso e ter amigos como vcs dá sempre um ânimo extra para o meu trabalho. Realmente precisamos urgentemente de uma revisão da obra do Person, além de tantos outros criadores brasileiros. Ter estes filmes em dvd seria um sonho :)
Dr. Lorax, entra na coleção sim. Quando puder assista, junte-se aos cultuadores de "Giselle":)
Fala Eduardo! Vc por aqui é garantia de qualidade, um iso 9000 para as resenhas que escrevo, muito obrigada pela força :) "Giselle" tem bastante assunto pra ser comentado, os joguinhos neuróticos entre os personagens é super interessante.
Oi Matheus, o Victor di Mello é o tipo de cara que se fosse levado a sério estaria até hoje criando muita coisa boa. Já vi "Os maridos traem e as mulheres subtraem", com a Elizabeth Gasper, mito de Ipanema. E olha, melhor blog não sei, ainda tenho que correr atrás e estudar muito :) Mas com certeza é feito com dedicação e vontade de resgatar o cinema nacional. Muito obrigada pelos elogios, mesmo :)

Anônimo disse...

Estou tentando me indentificar nesse maravilhoso blog. Como escreve bem a Andreia, pôxa! Aguardem só mais um pouquinho quando humildemente aventurarei-me,igualmente à escrita deste blog agradecendo aos elogios, se não tão gentis, pelo menos tão sinceros. Em todo caso,ao adentrar nessa literatura netiana consegui sublimar um pouquinho mais minha esquecida moral cinéfila, profissão-vida maturada, por vezes... exaustiva.
Até breve
Carlo Mossy

Anônimo disse...

digo: Andréa

Anônimo disse...

Parabéns por criar um canal a mais, onde podemos resgatar e divulgar a pluralidade da nossa cultura e arte cinematográfica.Lino Corrêa(Ator e Jornalista)

Anônimo disse...

Muito legal ter esse olhar mais demorado e profundo sobre uma das mais interessantes manifestações da nossa cultura pop, Andrea. Sem falar que Giselle é mesmo essa "caixinha de surpresas". Li agora em fevereiro de 2006 e o teu texto é de outubro de 2005, vou ser se acho mais das prometidas resenhas! Abraço.

Anônimo disse...

donde puedo encontrar la pelicula? hace muchos años la vi pero censurada Carlos de Mexico

Anônimo disse...

Oi, vi "Giselle" na madrugada do cine brasil, fiquei impressionado e ainda não assimilei tudo que vi, de saída o filme já me deu duas contribuições inestimáveis: 1° - mais um clássico do cinema nacional, 2 - conhecer um blog e tão bem escrito. Parabéns pelo ótimo trabalho.
Helton Fesan

Anônimo disse...

menina, esse filme é muito bom. deveras estranho, mas muito bom. o engraçado, é que quando vc acha que não pode mais nada acontecer, acontece! adorei. ri muuuuuuuito com am inha irmã.

olha isso aqui.
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=33244151&refresh=1

a dona sou eu.

Anônimo disse...

Vi esse filme na época, no cinema, e me impressionou muito pelas cenas ousadas na época. É um filme muito sensual e sexy. Eu tinha 19 anos quando assisti. Depois assisti outra vez a 2 anos atrás no Cine Brasil. E reencontrei a fabulosa Alba Valéria em Macaé, onde é colunista do jornal local e continua linda e maravilhosa. mrwine4@yahoo.com.br

Fernando disse...

Olá.
Esse foi o primeiro filme do Augusto Liberato? Por que o nome dele não aparece nos créditos?

Anônimo disse...

Oi Andr�a!
Parabens pelo texto.
Vi o filme quando foi lançado e gostei muito.
Por isso Giselle tornou um dos filmes mais comentados do cinema brasileiro.

Jose Bolland

Anônimo disse...

oi pessoal eu assiste este filme gostei muito so que nao lembro muita coisa dele onde eu posso achar ele pra compra em dvd se e que foi lançado em dvd

Anônimo disse...

Excelente!!!!! gostaria de saber a trilha sonora do filme. Mto lindo

luiz amaral madureira disse...

é a primeira vez q escrevo a vc andrea, +é a centesima vez q navego pelo seu blogg. desde procurar pelo seus comentarios, vou cair na mesmisse (vc é mto inteligente)ou fazer o q gosto tb q é procurar pelas atrizes no google, q gosto pra saber de sua vida atual, que cidade mora etc...coisa de nostalgia, falo +sobre isso abaixo. sou do ano de 1953 entao tinha entre 17 e 27 anos entre 1970/80. Na epoca nao me interessava por esse tipo de filme (pornochancada), pq via isso no mundo q vivia; lembro-me de revellions, e outras festinhas, todo mundo na lança perfume, baseados etc...as meninas, em sua maioria (sempre existiram e sempre existirão as exceçoes) eram como as de hoje, gostavam do dindin, na epoca Tb de motos, vale salientar q nao existiam motos-boy, e da farra; bom voltando ao assunto; atualmente nao consigo parar de assistir ao canal brasil, e, vejo nessas pornos uma volta ao passado, de tudo; os carros da epoca, as roupas, os termos engraçadissimos, as proprias meninas (hoje vovos) e analisando somente as filmagens, parece tudo mto bobinho, hoje qquer filminho de celular é mto +"hard", ai q esta, existe por tras daqueles filmes um tudo "quero dizer com isso", e é isso q vc com seu "dom" e dedicaçao, pois sao mtos horas de estudo, inclusive horas academicas, vc tem 2 facu, parabens, consegue nos ajudar, desculpem aos amigos pelo "nos ajudar", a ver alem. Coisa q hoje consigo com mto+ visao do q na minha tenra idade da epoca. Nessas madrugadas afora vi: “copacabana me engana“, “eu”, “jeitosa”, “moças daquela hora”, e outros...esse de hoje foi “giselle”...filmaço, vi ontem, madruga de 13/14 de abril de 2009. alguns gostaria de rever como; “moças daquela hora” e “giselle”. eu casei com uma carioca de copacabana (constante ramos) e qdo adoslecente ia na querida guanabara +doq a santos/guarujá; qtas madrugadas nos anos 70 nao comi o pernil c/abacaxi do cervantes na "grande" av. prado jr, enfim, coisa de cinquentao nostalgico (isso nao eh tristesa, é nostalgia), revejo a minha guanabara daquela epoca (e sp tb, claro) nesses filmes todos. ultima coisa; é quase impossivel conseguir esse dois ultimos filmes q mencionei logo acima??? ah, hoje temos no “canal brasil” um de 1967 (eu com 14anos na epoca) chamado "vidas nuas" direçao de ody fraga...desculpem os poucos acentos e a falta de maiusculas, fui me atualizando..rsrsr.....alias esta ai a correçao ortografica....obrigado. luiz amaral madureira - sp/capital/brooklin

Luis Valcácio disse...

Uau! Parabéns, seu texto é uma das coisas mais ricas que li em blogs nos últimos tempos. Assisti a Giselle há mais ou menos uns vinte anos e lembro que o filme me marcou muito. Ano passado, tive a chance de revê-lo e o impacto permaneceu o mesmo. Penso que se fosse um filme europeu, seria hoje um cult mundial. É tosco, o texto é em vários momentos constrangedor, os atores são sofríveis, mas, miraculosamente, tudo funciona perfeitamente. Ah, e para mim nada supera o diálogo entre Monique Lafond e Alba Valéria, em que o personagem de Lafond conta como foi torturada nos porões da ditadura.

Anninha disse...

OLá! Eu assisti a esse filme na madrugada de ontem no canal Brasil, nunca havia ouvido falar nem sabia que era tão famoso.
Fui estudante de Psicologia e amante da Psicanálise, por isso adorei a sua análise, concordo plenamente!
Foi o filme erótico brasileiro mais "escancarado" que já vi, eles exploram várias subversividades e sempre imagino como os atores devem ter coragem pra fazer esse tipo de filme, rs.
Foi como comentaram, a gente pensa que já viu de tudo no filme e aparecem, cada vez mais, situações surpreendentes, na maior naturalidade! Achei completamente inverossímel. O pior foi o tema da pedofilia...de tudo, foi o que achei realmente pesado! É um filme imperdível, sem dúvida....pra falar a verdade, ainda nem sei se gostei ou não, rs.

Anônimo disse...

Parabéns pela análise do filme, Andréia! Vi o filme em 06/01/10, pela terceira vez, eu acho.
Sempre gostei de cinema nacional. Não como um favor a sua nacionalidade, mas por méritos próprios. As décadas de 70 e 80 marcam a época das grandes deusas do cinema nacional, Helena Ramos, Monique Lafond, Nicole Puzzi,... e um momento social de adoração à liberdade e ao prazer. É interessante constatar como a sociedade brasileira, mesmo com o horror da ditadura, era mais liberada em seus costumes (pelo menos para uma parte da sociedade) que a de hoje. Giselle é também um convite à reflexão entre os limites da amoralidade, imoralidade e moralidade numa sociedade em ebulição e sem rumo definido. Infelizmente nos livramos da ditadura militar e caímos na ditadura do politicamente correto. Gisele talvez incomode mais a neosociedade conservadora hoje do que há tempos atrás. Temas como pedofilia, drogas e linchamento público viraram dogma...
Por tudo isso e muito mais, Giselle é um filme que marcará a história do cinema. Parabéns também aos atores e produtores pelo excelente trabalho e pela coragem de confrontar valores em um momento tão obscuro da política nacional. Alba Valéria escreveu definitivamente seu nome no rol das grandes estrelas do cinema, apesar de algumas pessoas ainda imaginarem que ser atriz é ser Fernanda Montenegro.

Ass. LERFÁ MU

Anônimo disse...

sensacional o filme e sua descrição do mesmo , a personagem comuna que morre talvez vc tenha esquecido de mencionar ou tenha proposital e brilhantemente evitado mencionar pra nos provocar um pouco heheh assim como o filme também e talvez ele nos atrai porque todos temos um pouco desses personagens em nós mesmos não é verdade?

Nana Rizinni disse...

Esse filme é maravilhoso!!!! Que bom que temos como assistir nos dias de hoje. Passou duas vezes no canal Brasil da net. Encantada! Parabéns pelo texto, foi ótimo ler!
Um abraço, Nana Rizinni

Emanuel disse...

Muito bom o filme, sua resenha é brilhante, só estou tendo a oportunidade de me posicionar porque um dia desses o filme "Giselle" passou no canal fechado. Por favor, gostaria de saber tudo sobre a música que é utilizada quando aparece Giselle e a personagem interpretada pela Monique Lafond. Me lembro dessa música em minha infância mas tocada no sax. Lhe serei muito grato se você atender esse pedido. Desde já agradeço. meu e-mail é: emanuel.universal@hotmail.com

Zeca disse...

Gente, o filme voce acha aqui:

http://trixxx.com.br/?cat=25&paged=2

http://www.megaupload.com/?d=GIWLEYC7

Anônimo disse...

A resenha está muito boa. Só achei que faltou uma análise maior do encontro de Giselle com a médica comunista.

Anônimo disse...

Do encontro de Giselle com a médica no aniversário da doutora. Os comentários feitos pela tia. Destacando o feminismo exacerbado. Conseguinte as experiências de Giselle de após viver naquele ambiente hedonista de belas paisagens e natureza. Algo de sensação nostálgica... Passa a viver próximo da miséria do povo local, antes aparentemente desapercebida para a personagem. Também é tratado a repressão da ditadura. Os cenários se modificam por completo. Construções abandonadas, barracos na beira do rio. A casa da médica mais parecia calabouço. Quartos fechados e mal iluminados eram feito encontro de idealistas. E depois da morte da médica tudo volta a ser lindo e nostálgico como antes. Os estupradores morrem pela própria força do povo. Logo Giselle esquece de tudo isso como se nada tivesse acontecido e se entrega aos desejos com a Tia. Frieza e perversidade juntas o tempo todo no filme. Giselle é fria. Calculista o tempo todo. A médica também expõe algo acima da emoção. Ela aparenta ser uma forte mulher racional.

Anônimo disse...

Outro detalhe que já ia me esquecendo que as drogas aparecem nessa parte do filme entre Giselle e a médica. A cena em que a médica mama nos seios de Giselle é algo bem interessante. Se comparado com a forma em que Giselle se relacionava com outros personagens do filme.

Anônimo disse...

"Assim como na antiga civilização romana, como em Sodoma e Gomorra, todas as vezes que uma sociedade está em decadência, a principal característica, é a falta de valores morais, a promiscuidade sexual, o desamor, as frustrações, e os desencontros. Os dias que hoje estamos vivendo, não diferem muito daqueles que antecederam a destruição daquelas sociedades."

Acho esse filme muito mal feito, tudo nele é muito precário. Mas já o vi duas vezes, e acho que isso que você chamou de "alerta conservador" está em perfeita sintonia com o enredo do filme. Tem tudo a ver. A tal "pretensão libertária" que você diz que o filme vai adquirindo aos poucos está mais para uma marcha rumo ao fundo do poço. A "liberdade" dos personagens se revela no final do filme uma verdadeira escravidão.

O grande tesouro desse filme é que ele não poupa ninguém; o magnata pedófilo é um rodrigueano soco no estômago.

Seu blog é ótimo.

Ricardo Nascimento

Ivan Gonçalves disse...

Quero parabenizar pelo excepcional BLOG, o seu trabalho é patriótico! Viva o cinema brasileiro, assistir Gisele e realmente é uma obra-prima.

Giselle disse...

Minha mãe gostou tanto que me deu este nome...

Aguinaldo Mendes disse...

O filme não decepciona. Na verdade ele tem várias qualidades que faltam a muitos filmes brasileiros realizados nas decadas de 70 e anteriores. O som é excepcionalmente bom e a fotografia é correta. O enredo é envolvente e despretensioso. Alguns diálogos poderiam ter sido mais bem feitos.
Gostei muito...

Anônimo disse...

Perturbador isso que tenho que alertar, não veja esperando ver apenas um filme e agrada a todas minorias.
Tive que fazer analise depois de ve-lo principalmente por conhecer a história do Mossy que salvou um senhor e depois se tornou amante dele e após isso fui estudar cinema no exterior.
Culto e intrigante esse é Mossy

edu vieira disse...

Como não amar esse filme? cada vez que vejo, me deparo com um detahe diferente...e o pai lendo Oscar Wilde??? e aquela cena da brig fake que vai culminar ona bacanal no quarto dos patrões...o que não é Serginho( caras e bocas) dizendo que é gerente de uma boutique no Rio de Janeiro- o que não é aquele show meio boate Fugitive- se não me engano tocando La Streisand- Free Again- na certeza que o publico entenda que é um lugar bem libertário....dá a ideia o que devia ser o Rio naquela época. Algo pra mim à parte é o caráter moderno do Mossy e do Zózimo topando fazer cenas que os homens não fariam- a imagem daquele capataz está mesmo na gay fantasy de qualquer um que veja ainda hoje esse filme. Parabéns pela aálise, Andrea...cada vez mais fã do seu blog

A&G disse...

Amigo, fiz uma resenha sobre giselle com alguns pontos impressionantes, alguém gostaria de saber?

Anônimo disse...

Análise boa, mas chamar de famigerada a 101 strings, é um sacrilégio, pois é uma das mais aclamadas orquestras de wolrd music e por sinal não tem nada de 101 strings no filme, viu. Ali é Franck Pourcel e outros. Se informe primeiro, depois comente sobre musica.

Andrea Ormond disse...

Anônimo, "famigerado" é o que tem fama, o que é conhecido. Além disso, você não entendeu a ironia. Na próxima vez, sugiro que traga um dicionário ou uma cartilha para compreensão de textos.

Anônimo disse...

Famoso, notável, célebre, quem tem fama.
PORÉM, também se aplica a malfeitores. Por cuidado deveria escolher melhor o uso metalinguístico do vernáculo. Meu nome é Alex e me atendo a questão musical, reitero o bom gosto da escolha musical do Mossy. Tem que conhecer world music. Vc minha cara pode conhecer cinema, música é outra história ok.

Andrea Ormond disse...

Alguns comentários são divertidos. Não se trata de eu "escolher o uso metalinguístico do vernáculo" [sic]. Foi você quem o "escolheu" [sic], ao atribuir a um termo um significado tosco, em uma frase repleta de ironia. Mais uma vez reitero: estude compreensão de textos, agora com ênfase em análise lexical.

Anônimo disse...

Olá, alguém poderia informar o nome da música instrumental executada na última cena.
Obrigado,
José.

Anônimo disse...

Dentre as cançoes do filme, há uma belissima, chamada Aria, que na cena é interpretada pela Orquestra de Franck Pourcel.
Análise lexical é forte cara missivista... uau, pero, o campo contextual evidentemente é um
espaço semântico vasto... daí, precisão linguistica é de bom tom na vastidão das letras que um crítico de qualquer área queira trazer a baila... conhece Reinert?
Alex.

Anônimo disse...

Valeu Alex!!!, é justamente esta canção que eu estava a procurar já por algum tempo. Muitíssimo obrigado por compartilhar a informação.
José.

Michael Carvalho Silva disse...

Que delícia de homem era o Carlo Mossy, especialmente nesse ótimo filme. Ele tinha pernas, pés, coxas e uma bunda muito sensuais, realmente deixava qualquer um de pau duro quando se despia. Monique Lafond e Maria Lúcia Dahl também eram duas ótimas delícias desnudas nessa excelente e sensualíssima e ousada produção erótica nacional.

aline naomi disse...

Andrea,
ótimo texto sobre o filme, gostei muito! Encomendei o DVD do filme porque havia lido uma outra crítica sobre ele e só estou esperando chegar... enquanto não chega, vim procurar mais informações sobre ele.

zacarias narciso disse...

olha eu sou um apaixonado por este filme e pela protagonista que sem duvida foi responsável por uma boa parte do sucesso de GISELLE Alba Valéria linda maravilhosa menina quase inocente mas menina real na sua idade que na época tinha apenas 16 anos de idade. Carlos Mossy pode sem duvida confirmar isto , mas nos anos 80 quase livre de uma ditadura muitas coisas podia.Isto não tira o brilhos de Alba Valéria por quem eu ainda sou apaixonado.

Edson Ferreira disse...

A trilha sonora é do disco de Franck Pourcel de 1973, Um Mundo de Melodias.